CARTA A UM ADOLESCENTE
Meu Filho,
Escrevo-te esta carta porque sinto saudade. Antes éramos um; tu estavas em meu mundo e, aos poucos, tiveste que construir o teu. Gostaria de saber se nele existe felicidade, se tens um ideal, se estás conseguindo sobreviver, o que não é fácil.
Meu Filho,
Escrevo-te esta carta porque sinto saudade. Antes éramos um; tu estavas em meu mundo e, aos poucos, tiveste que construir o teu. Gostaria de saber se nele existe felicidade, se tens um ideal, se estás conseguindo sobreviver, o que não é fácil.
Vejo-te todos os dias. Aspecto saudável, cabelos longos e calças estreitas, turbilhonando entre inúmeras solicitações e inquieto a discutir com o futuro, mas sinto que a distância aumenta gradualmente, e logo estaremos irremediavelmente separados por uma geração.
É verdade, levas contigo a minha semelhança que, espero, possa atenuar
as incertezas da jornada, mas somente isso não te bastará. Cada vez que a
esfinge da existência levantar à tua frente a barreira do decifra-me ou
te devoro, recorre ao bom Amigo de que ouviste falar em nossa casa e
que poderás encontrar sempre à beira de tua estrada. Ele conhece todas
as respostas e prometeu-nos ser o Caminho, a Verdade e a Vida; a Ele
haverei de recomendar-te todos os dias.
Faze isto, vive tua vida na plenitude, alegre e despreocupado, pois é necessário que saibas como ser feliz para seres integralmente homem; não te importes muito com aparentes derrotas; elas mais do que as vitórias te convencerão que o essencial é reagir tenazmente.
Se tiveres vagar, responde-me esta carta, porque sinto saudade, mas não te percas em olhar para trás, para mim. Se caminhares para o sol não verás sombras à tua frente e, acima das contingências de espaço e tempo, estaremos sempre unidos.
Naquele que antes de nos fazer pai e filho, nos fez, a todos, Seus irmãos.
Até breve.
Raul Rocha do Amaral.
1967.
_______________
Faço minhas estas palavras e atualizo a data.
20013
(Ah, essa minha mania de eternidade!...)