terça-feira, 22 de outubro de 2013

CARTA A UM ADOLESCENTE

CARTA A UM ADOLESCENTE

Meu Filho, 



Escrevo-te esta carta porque sinto saudade. Antes éramos um; tu estavas em meu mundo e, aos poucos, tiveste que construir o teu. Gostaria de saber se nele existe felicidade, se tens um ideal, se estás conseguindo sobreviver, o que não é fácil. 

Vejo-te todos os dias. Aspecto saudável, cabelos longos e calças estreitas, turbilhonando entre inúmeras solicitações e inquieto a discutir com o futuro, mas sinto que a distância aumenta gradualmente, e logo estaremos irremediavelmente separados por uma geração. 
É verdade, levas contigo a minha semelhança que, espero, possa atenuar as incertezas da jornada, mas somente isso não te bastará. Cada vez que a esfinge da existência levantar à tua frente a barreira do decifra-me ou te devoro, recorre ao bom Amigo de que ouviste falar em nossa casa e que poderás encontrar sempre à beira de tua estrada. Ele conhece todas as respostas e prometeu-nos ser o Caminho, a Verdade e a Vida; a Ele haverei de recomendar-te todos os dias. 

Faze isto, vive tua vida na plenitude, alegre e despreocupado, pois é necessário que saibas como ser feliz para seres integralmente homem; não te importes muito com aparentes derrotas; elas mais do que as vitórias te convencerão que o essencial é reagir tenazmente. 

Se tiveres vagar, responde-me esta carta, porque sinto saudade, mas não te percas em olhar para trás, para mim. Se caminhares para o sol não verás sombras à tua frente e, acima das contingências de espaço e tempo, estaremos sempre unidos.

Naquele que antes de nos fazer pai e filho, nos fez, a todos, Seus irmãos.
Até breve.

Raul Rocha do Amaral.
1967.

Foto: Hoje, 22 de outubro de 2013 meu querido e amado pai estaria completando 91 anos. 
Hoje, no entanto ele vive pleno ao lado de Deus no paraíso eterno onde um dia, se eu fizer por merecer, estarei ao seu lado novamente.
Pai amante, amoroso, edificante, um filósofo cristão que, ao lado de minha doce mãe, educadora amorosa, nos ensinou o caminho da felicidade.
Como presente aos meus amigos do face apresento a carta que ele me enviou quando eu tinha 17 anos, época de Beatles e Jovem Guarda.

CARTA A UM ADOLESCENTE
Meu Filho,
Escrevo-te esta carta porque sinto saudade.
Antes éramos um; tu estavas em meu mundo e, aos poucos, tiveste que construir o teu. Gostaria de saber se nele existe felicidade, se tens um ideal, se estás conseguindo sobreviver, o que não é fácil.
Vejo-te todos os dias. Aspecto saudável, cabelos longos e calças estreitas, turbilhonando entre inúmeras solicitações e inquieto a discutir com o futuro, mas sinto que a distância aumenta gradualmente, e logo estaremos irremediavelmente separados por uma geração.
É verdade, levas contigo a minha semelhança que, espero, possa atenuar as incertezas da jornada, mas somente isso não te bastará. Cada vez que a esfinge da existência levantar à tua frente a barreira do decifra-me ou te devoro, recorre ao bom Amigo de que ouviste falar em nossa casa e que poderás encontrar sempre à beira de tua estrada. Ele conhece todas as respostas e prometeu-nos ser o Caminho, a Verdade e a Vida; a Ele haverei de recomendar-te todos os dias.
Faze isto, vive tua vida na plenitude, alegre e despreocupado, pois é necessário que saibas como ser feliz para seres integralmente homem; não te importes muito com aparentes derrotas; elas mais do que as vitórias te convencerão que o essencial é reagir tenazmente.
Se tiveres vagar, responde-me esta carta, porque sinto saudade, mas não te percas em olhar para trás, para mim. Se caminhares para o sol não verás sombras à tua frente e, acima das contingências de espaço e tempo, estaremos sempre unidos Naquele que antes de nos fazer pai e filho, nos fez, a todos, Seus irmãos.
Até breve.
Raul Rocha do Amaral.
1967.
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Cynthia Esquivel
Faço minhas estas palavras e atualizo a data.
20013
(Ah, essa minha mania de eternidade!...)